Tuesday, October 18, 2011

MINHA PEQUENA RITA - (PARTE 3)

 (Para a compreensão deste conto, é necessária a leitura da Primeira Parte (clique aqui), e da Segunda Parte (clique aqui).
Aquela frase que, segundo Beto, Ritinha disse a ele, "fica pra próxima", ficou a me perturbar na mente pelos dias seguintes. Quase uma obsessão, pensava mais nisso do que na cena da traição em si. Estranhamente, aquelas cenas antes tão perturbadoras que minha mente formava, desde a lembrança meses atrás de Rita e Beto no chuveiro naquele flagrante bizarro, ou mesmo das coisas que Beto contou que fez com ela, já não mais incomodavam. Eram como qualquer outra coisa que eu já soubesse na vida.



O dia no trabalho estava normal, quando ao ir para o intervalo, meu agora mais que colega e amigo Beto, me aparece do nada no corredor, me chamando para conversar à sós.

- Marco, tenho um assunto sério. Acho que não podemos continuar com isso. Olho pra você e sinto uma certa culpa, crescemos juntos, sempre fomos amigos, fazemos estágio juntos. E eu penso na tua namorada, lembro dela, e sinto tesão. Não consigo achar isso certo. Preciso te contar, Rita me ligou ontem à noite, nervosa, chorou muito, disse que está se sentindo culpada, mas que quer me ver novamente. Disse que te ama, mas que tem vontade de estar comigo, e que pensa em terminar tudo contigo. Perguntou se eu nunca iria te contar sobre o que aconteceu aquela noite. Não sei o que fazer. Acho que talvez seja melhor vocês terminarem. - Beto baixou os olhos, visivelmente abalado.



Meio chocado em saber que ela cogitou terminar comigo, e por ter falado com ele, logo com ele, antes de me dizer algo, me deixou profundamente magoado. Refleti uns segundos, e disse a Beto:
- Não, sinto muito. Você já teve o que queria, fez sua festinha, meteu a mão com minha namorada. Agora é hora de cair fora desta cena, e nos deixar em paz. Não quero mais que você ligue ou atenda Ritinha. - falei, já tremendo de fúria - E se ver você por perto dela, vou quebrar a sua cara.



Ele realmente parecia não crer no que ouvia.
- Marco, estou tentando ser seu amigo, te dizer que...
- Cale essa boca, seu aproveitador! Vem pagar de amiguinho agora? Cai fora, malandro.

Beto já ia virando-se e saindo indignado, quando parou repentinamente, e voltou-se com uma expressão de sarcasmo e irritação no rosto:
- Olha aqui Marco, seu imbecil. Antes que o dia amanheça, vou colocar as cartas na mesa com Ritinha. O namorico de vocês não vai passar do nascer do sol, só pra você deixar de ser otário. E quando vier "quebrar a minha cara" - disse cheio de ironia - lembre-se que nunca conseguiu me ganhar sequer no "par ou impar", seu fracote ridículo. E no mesmo dia em que eu te encher de porrada, vou gozar na bunda da tua namoradinha enquanto te chamo de trouxa.



Ele ainda prosseguiu - Sabe por quê? Por que é comigo que tua namoradinha amada quer estar todas as noites, fazendo sexo de verdade, coisa que você nunca saberá o que significa. Seu otário. - virou-se, e saiu com os passos mais seguros que já vi.



Aquela foi uma tarde difícil. Do trabalho para casa, e muita vontade de ligar para Rita, e contar tudo. Mas seria o fim. Pensei nas coisas que Beto disse, e sabia que ele tinha razão. Eu não teria chance alguma contra ele. Eu amava uma garota que adorava fazer sexo com outro cara. Meu ex-melhor amigo. E agora?



Em casa, no banho, e tentando medir as coisas, lembrei dos detalhes mais sórdidos, especialmente os que ele contou. Ela chupando o pau dele no sofá, e quando ele gozou. Imaginei a expressão dela, que nunca gostou nem de ver sêmen, tendo a boca cheia dele. Não conseguia me imaginar fazendo isso com ela. Era repugnante. Mas com ele... Parecia tão certo. Era estranho. E então, imaginei como seria se as coisas fossem como ele disse. Me daria uma surra, pois era muito mais forte e ágil que eu, e ainda comeria a minha garota. Ficaria com ela, e eu nunca mais a veria. 



Não, definitivamente eu não podia deixar isso acontecer. Poderia ser humilhado, poderia apenhar, poderia nunca comer ela direito, mas não poderia ficar sem ela. Não sem Ritinha. Estava disposto a qualquer coisa. E terrivelmente excitado. Me masturbei, e quando gozei, foi lembrando da cena que Beto me contou na casa dele naquela manhã, em que sem camisinha, ela pediu para ter a bunda fodida por ele. Minha adorável namorada, tão menina, dando a bunda pra um cara com o pau daquele tamanho... Sim, eu gozei forte.




- Beto - disse eu, ao telefone, minutos depois -, quero te pedir desculpas. Por favor, não conte à Rita. Não tire ela de mim. Eu faço o que você quiser, mas por favor, não faça ela terminar comigo.

Silencioso por uns segundos, ele respirou fundo, e disse:
- Olha, cara, ainda acho que vocês devem terminar. Eu tenho vontade de ver Rita novamente, ela também tem, e acho que isso vai acontecer de qualquer jeito. Ela quer passar essa noite ainda comigo. E eu também quero.

Um dor no peito me invadiu junto com um calor e excitação enormes. Fiquei ansioso, e acelerado.
- Tudo bem, passem a noite juntos, se quiserem. Por favor, não tire ela de mim. Fique com ela, faça o que quiser com ela. Mas não a tire de mim. Preciso dela, amo Ritinha. Ela é minha amada.
- ... Ha ha ha ha!
Achei pitoresco quando escutei a risada escachada de Beto do outro lado da linha. Mas segurei no peito.

- Cara, cê só pode tar maluco. Que coisa ridícula, patética. Você não sente ciúmes daquela princesa não?
- Sinto, Beto, e sinto muito. Mas não quero perdê-la. Se ela quer ir pra cama com você, sou capaz de suportar pra ficar com ela. Quero vê-la feliz. Mas não quero ficar sem ela. E se você aceitar, só tem um pedido que quero fazer.



- Hun... Pedido?
- Sim, Beto. Quero saber de tudo que vocês fazem. Sempre. Sem dó nem piedade, quero que você me conte. Quero saber as coisas que Rita gosta, e que você faz com ela, ainda que eu nunca faça. Isso vai evitar que eu fique tentando imaginar, e vai me deixar mais calmo. Você aceita?

- Rita nunca aceitaria isso, Marco. Nunca.
- Ritinha nunca saberá disso, Beto. Ajudo vocês a terem seus encontros sem serem incomodados, e você ajuda para que ela não termine comigo. E eu faço o que você quiser. Só te imploro, me conte tudo. Tudo.
- Incluindo o que vai acontecer essa noite, Marco?
- Sim. Especialmente essa noite. E saber tudo é minha única condição. O resto, Beto, é do jeito que você quiser.







- Vamos ver no que isso vai dar. - Disse Beto, com um tom meio descrente. Ele não sabia o quanto eu estava disposto a fazer Rita feliz.
Para que tudo fosse perfeito, liguei para minha amada, e avisei que ficaria aquela noite fora da cidade, na casa de uns parentes. Dali, fiz o que talvez tenha sido minha maior loucura até então. Faria uma campana, escondido perto da casa de Beto, até que ela chegasse. Eu queria. Precisava assistir minha desgraça, pra ver se finalmente me livrava da sensação de pânico que sentia.

E você pode estar se perguntando: "afinal, e o sexo nisso tudo?"
Talvez você nunca entenda o que é sexo quando se fala e amor e medo. O que significa "sexo" no imaginário de um jovem rapaz que sente prazer e horror na traição. Mas tudo bem. É sexo que você quer? Então, saiba: Foi o que vi naquela noite, por cada fresta que espiei, por cada som que ouvi. E as cenas que vi, as coisas que ouvi, estarão comigo até o dia que deitar-me em um caixão. E me excito apenas de pensar em lembrar. E é o que estou disposto a contar no nosso próximo encontro.

A noite em que me sagrei no segundo lugar na vida da menina que ocupava o primeiro lugar na minha.

No comments:

Post a Comment